sábado, setembro 30, 2006

APARIÇÃO

Fenecer
é um morrer bonito...

Feneço no clarão do teu olhar
que poderia chegar no teu corpo assustado
apressado
suado
numa tarde de verão.

Feneço no toque
fagueiro, quase proibido das mãos casuais.

Feneço quando a barba roça a palma da mão
e o corpo responde com um calor cortante.

Feneço no tom de voz mais grave
em afirmativas sintéticas do absoluto de minha vida.

Feneço na sofreguidão das lembranças
que tremem os músculos
que atordoam as idéias
que turvam as palavras (para que palavras?)

A quietude se faz dentro de mim,
ostra sem pérola
lagarta com asas
outro lado da lua.

Não sei ainda o que (re)nascerá de mim.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 04 de fevereiro de 1998.

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