sábado, novembro 18, 2006

Amedeo Modigliani

POÉTICA

Palavras: ficções e realidades inumeráveis
De combinações desconexas
Mas que fazem pleno sentido.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2006.
APURAÇÃO

vidas que se perdem...
penas e purpurinas
confetes e brilhos
espalhados em desencontros
em sambas atravessados
tempo não
tempo não volta
volta! – grito na multidão não se escuta.
surdo, surdo, surdo
na marcação
de alguém perdido – já se perdeu?
pés não acompanham a alma
alma sem corpo
garrafa de cerveja vazia
caída no meio-fio
na manhã de quarta-feira.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 03 de março de 2006.
VARIEDADES

Amor: várias faces.
Por isso, precisa de adjetivo.
Amor bom
Amor neurótico
Amor destro e canhoto
Cada qual ama
Com o amor que tem.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2006.
QUASE LÁ

Deserto:
possibilidade de felicidade
que só solidão
em forma de paz
traduz,
aridez
que cobre rios de calmaria
prontos para emergirem
mas apenas o fazem
com o silêncio da procura meditativa.
Descobrir-se é caminhar par ao ermo
com cantil, cobertas, esperança e alegria.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 08 de março de 2006.
TUMULTO

Poderia haver uma verdade absoluta
Apenas uma e única vez
Para salvar-nos do Inferno da dúvida.

Angélica de Oliveira Castilho

Rio de Janeiro, 11 de março de 2006.
CONSELHO QUE NÃO SE DÁ

Quando alguém disser
a poucas vistas
que o encontro de vocês é kármico,
enfim, se utilizar qualquer teoria
de coincidência cósmica ou
o santo nome do destino,
FUJA!!!
Os grandes encontros
só são percebidos
depois de anos...
E todos são pacíficos e benéficos
e alegres e compreensivos,
sobretudo, compreensivos.
Não existem grandes amigos
nem grandes amores de uma semana.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de março de 2006.
AINDA ACONSELHANDO

Para derrotar o inimigo,
que pode ser você mesmo,
é preciso fortalecer-se.
Não importa a força do outro,
o que importa é a sua estar segura,
o que importa é o escudo de Jorge na frente,
angelus ao redor,
a espada desembainhada
e os espelhos de Iemanjá e Oxum
repelindo todo bem que faz mal
e todo mal que tal acalanto provisório
para feridas ancestrais.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, final março de 2006.
INTERCURSO FRANCÊS

Eu grito
Ne me quite pas!
Que é mesmo para você não entender.
Ne me quite pas!
Para minimizar a sua negligência.
Ne me quite pas!
Para reforçar ser unilateral o lamento.

Foram idas
Mais il’ y a retours
Tout de suíte.

Arrive!

Abandono assim
Quando não há mais amor é irreparável
Sem atos
Sem argumentos
Lágrimas pour um couer cassé são demodée

Sala vazia
Liga-se a TV
Fora do ar.

Ne me quite pas...

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 31 de maio de 2006.
FILOSOFIA DE VIDA

Tornar viável
O que se deseja.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 06 de junho de 2006.
ENFIM, SÓ!

O que se faz quando a beleza exala em beijos, sorrisos sem motivos
E o corpo insiste em amar o pulsar, o sol, o nada ao redor?

Júbilo de aleluia de quem reconhece a magnitude
De se olhar pela janela e constatar
Que está ventando, está ventando!

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2006.
ODE À ALEGRIA

Arlequim, Arlequim,
Que será de mim
Em teus sonhos anarquilenais?
O som do bumbo,
O tamborim a tilintar.

Deixa o bloco passar!
Deixa o bloco passar!

Arlequim a saltar
E todos a verem
Em sua face
O próprio sonho bailar.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 17 de junho de 2006.


APARIÇÃO

Eu parei aos vinte e oito anos.
Lá ficou minha vida presa em galhos secos,
Retalhada dia a dia, mês a mês, ano a ano
Em corpos fendidos, esturricados pelo tempo.
Esse desgaste não se vê,
Esconde-se na leveza saltitante dos sorrisos.
Porém, toma corpo ruidosamente em noite de vendaval.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2006.
EPIFANIAS SEM LEGENDA

é... está sendo assim,
uns dias ruins,
um dia atrás do outro.

mas cair em si
quando o trem não pára
e sua estação já passou
é isto... e aquilo,
são coisas sem especificações
todos os sentidos aguçadíssimos,
todas as respostas em volta
sem um intérprete oracular.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 12 de julho de 2006.
DAS ADITIVAS

e eu não sei como tudo vai em correntes de ar, correntes elétricas que não prendem e que arrebentam o sentimento em flor – gotículas de orvalho ao sol do meio dia evaporando sem tocar o chão! – descompasso e desilusão e

Angélica de Oliveira CastilhoRio de Janeiro, 20 de julho de 2006.
TESTEMUNHO

E meu corpo vai adiante,
volta, dá voltas!
E tudo é seguir.
Ele é movimento fruição desinibida
mesmo quando repousante.
É autônomo e me leva longe,
andarilho que é.
Não há concordância consciente entre nós
E é essa minha divisão meu álibi,
Minha tentativa de engano pessoal,
De boicote de atos, desejos há muito desejados.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2006.

PARALELO

Tudo maltrata as esperanças!
Famas e cronópios avolumam-se
e elas tombam
sorrindo, abnegadas
no universo de Cortazar.
E no nosso tombam todos...

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2006.
CIRCUNVAGAR

Perambulo
em
torno
de
um vazio
há séculos
e
não há peça
que sirva
para essa ausência
plastificada em angústia.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2006.
CONSIDERAÇÃO FEITA EM BLOCO CARNAVALESCO

Uma vida
é
pouco para se viver.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2006.
PROCISSÃO

poetas enlouquecidos de cotidiano
passeiam alegres e deprimidos
em saltos de humor
pelo corredor de teu prédio

tudo bem
são só poetas

e a vida torta segue
seu não-rumo
em um simulacro de realidade.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2006.

MALSÃ

Não me importa
O porre das horas.
A alucinação límpida
dos instantes
que passam
perfuram o ser
de lembranças galopantes
e, ainda,
é melhor do que esquecer.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2006

Obs.: Inspirado no poema do Márcio Bulk
MAIS UM CONSELHO...

Não importa
em quem físico
ou para além de tudo
que você acredita,
se acreditar em você
já está bom demais!

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2006.

DESENLACE

Bom dia! Eu vou-me embora.
Não há mais luar,
Alto caminha o sol,
Garrafas, latas acumulam-se nas escadas,
E o burburinho apressado
A caminho da Avenida Passos
Revela o mundo desperto.

Bom dia. Mas já é quase tarde...
E a prisão do meio de tuas pernas
Aflige-me, deleita-me...
Desassossego!
Sair assim, com roupa por abotoar,
Com cabelo por amarrar, prender,
Sair assim, contendo o corpo horas atrás liberto,
Alvoroça-me toda.
Mas o sol está alto
Cantos de sirenes e buzinas e palavras anunciam
O ritmo da segunda-feira magra, magra de tantas caminhadas.

Bom dia... Eu vou ficando...
Entre braços somados aos meus
Entre múltiplos atos desconexos
Entre engolires de beijos – corpos acoplados...

Bom dia. Já é tarde...
Vou-me embora sem bater a porta
Cato espelho, carteira, bolsa, celular, batom, chaves,
Enquanto desabas em novo sono.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2006.
Obs.: Inspirado no poema “Boa noite, Maria!”, de Castro Alves.

domingo, novembro 12, 2006

ROLÉ

Peregrinar também por mar e ar
E
Fazer de todo meio físico e metafísico
Modos de ir adiante.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2006.
DAS NEGATIVAS

Corrupção
Retórica
Natureza condenada
Mortos
Ônibus:350
Negócios
Roubo
Reféns
Semente: Será fechado!
Armas
Assassino
Avião: turismo nas alturas
Pizzaria
Detidos
Mais pobres, não!
Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.

Poema feito de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
EMERGENCIAL

1a. vez...

LUZ
light light light light light

preamar macaréus correntes
marés mares recifes o mar!
vazante ressacas maresia


… mas o barco




à solta





Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.

Poema feito de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
SEXO

soluçãoconjunta
o u
a pura incerteza

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.

Poema feito de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
LUA-DE-MEL NO CARIBE

. G
A chave das questões
e
beneficia as famílias brasileiras

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.

Poema feito de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
DEMOCRATAS NA FRENTE!

Feriadão:
Bahia
Centro do Rio
Samba e choro
Forró em NY
Ação nas estradas!

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.

Poema feito de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
ESTUDANTE

jovem e menino
de
85 anos.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2006.


Poemas feitos de jornal na aula sobre Concretismo da Patrícia – CEVC.
ABOUT POEMS

Quanta poesia derramada...
Inundação de desejos sôfregos
Alvoroço!
Aurora desperta
Por Encanto
em
entre
Cantos de amor.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 09 de novembro de 2006.


Comentário sobre a poesia de Gabriella Villaça.

sábado, novembro 11, 2006

ESPELHO NOSSO II

Mulher tem
natureza camaleônica
e atômica.
Se adapta as mudanças amorosas
mas implode
em pathos.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1995.
FIGHTER

Não se tem amor na calma,
na alma. Se tem amor
nas tormentas, enchentes,
tremores. Se tem amor
com sangue. Se tem
amor na vida. Ter
um amor calmo, ‚ ter
um amor em morte.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1995.
REVISÃO

Nem todo mal‚ necessário
E nem todo bem faz mal.
Temos uma vida coisa e tal
Que leva ao desespero.
Alucinação faz bem
Realidade faz mal
Dor faz bem
Sorrisos?

Apodrecem a alma da gente...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 07 de outubro de 1995.
ESPELHO NOSSO

Deixaram fugir,
cair, ralar-se
exaurir-se.
Mas a maior
qualidade/defeito
da mulher
É cicatrizar velozmente
o coração
e
cometer os mesmo enganos.

Angélica de Oliveira Castilho
Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1995.
CONCLUSÃO TARDIA


O difícil ou cruel
É pensar em felicidade.
(O Pensamento ausenta
a sensação.)

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1995.
PARA PENSAR

Nuvens pesadas
de gotas leves
as quais sambam pelo vento
molham a alma da gente
secam sorrisos pedidos
sentimentos falidos.
Quem sabe a primavera
Não virá este ano?
Quem sabe os beijos de paixão
Murcharam na logicidade?
Quem sabe os longos suspiros
Morrerem de insuficiência respiratória?
NÆo se ouve mais alaridos
Nem ruídos, gemidos...
Quem partiu para não voltar?

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1995.
DESPERTAR

Amanheci
No quarto empoeirado
pálido
Era o
Leo
que chamava
(amava)
embaixo
da janela.
Era o
Leo
que adourava
as paredes
cinzas.
Era
a
vida.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 1995.
AMOR GRAMATICAL

Amo-te
de um querer
indireto
certas horas.


Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1995.

ESTRELAS

Os poetas

nascem

para serem

coletivamente

sós.

Nascem para

morrerem

em cada página,

para

confessarem

coisa nenhuma,

para

chorarem

lágrimas alheias.

Nascem para serem

muitos em um.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 25 de julho de 1995.

COMPLEXO

Estranho no ninho
quando a sensação
de amar
deveria pulsar.
Mas não faz mal,
o ninho ainda
pode ser singular
e agasalhar.
Fênix.
Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 12 de julho de 1995.
PURIFICAÇÃO

Da terra
o aconchego
do vento materno,
dormir em paz.
Nada de palmas,
risos, prantos...
o silêncio
das noites de
inverno,
longas e frias,
encontrar respostas
para as agitações do dia.
o balançar
das ondas quebrando
em Cabo Frio
e
molhar a alma
lavar as lágrimas
começar a vida.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 12 de julho de 1995.
SÁTIRA

Um grande teatro
vazio
sombrio
empoeirado
As luzes vêm dos olhos atentos
a espera de uma peça,
que não chega,
Não chegam os atores,
os amores rebeldes
e os corpos vadios.
Há apenas
um olhar perdido
neste espaço
que não é passado,
não é presente, nem futuro
é memória.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 19 de maio de 1995.
PARADOXAL

Em nosso mundo
os herói dos quadrinhos
morrem
as crianças
se drogam
se prostituem
Enquanto flores
crescem
em jardins de inverno.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1995.
NOWADAYS

Loja de departamentos
com fios de cristais
saindo casais
infância, algodão doce
cinemas lotados
... um olhar solto
da multidão.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995.
NO ELEVADOR

O sorriso
era tão
límpido!
Eros encarregou-se
do
resto...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995.
TENSÃO

Pernas
cochas
peitoral
Mãos tremulas
entre
olhares furtivos.

Nada mais firme...
Enquanto o sorriso
cobre o pânico.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 31 de março de 1995.
PAPO DE MACHO

Chop
Mulher
Futebol

Futebol
Chop
Mulher

Mulher, mulher, loira gelada
Pelada, futebol, camisinha
Chop, no shopping, álcool

Esquecem, porém,
a cobrança de penalt...


Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 1995.
PAPO DE MACHO

Chop
Mulher
Futebol

Futebol
Chop
Mulher

Mulher, mulher, loira gelada
Pelada, futebol, camisinha
Chop, no shopping, álcool

Esquecem, porém,
a cobrança de penalt...


Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 1995
AMIZADE

Vide
reunião
de formatura!!!
...
O mais‚ detalhe...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 1994
AMOR

. . . . .
Olhares
Pares impares,

SINGULARES

ausência X carência

E o rapaz deixa a moça
a esperar
sentada
... em pé cansa.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de março de 1995.
DECEPÇÃO

O outro me assusta,
Mas não recuo
E trilho vias escuras
Perdidas em vontades abdicadas.
Corro ruas entre tempestades,
Não (re)conheço o medo agora.

O mundo surge como infinito.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 1995.
ENCONTRO

Vejo outro
Bem distinto
Em pensamentos.
Vejo outro
Bem definido
Em atitudes –
o reconhecimento
do estado.
... A estranheza
Gera dor
Impede contato,
Tato, olfato,
Suor, paixão.
O que difere
Repele pela sua essência.
Todas as idades,
Todas as crenças
São iguais.
Os ideais, estes sim,
São ímpares e solitários.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 1995.
ABOUT A GIRL

Nada a definir
Sumir ou assumir
Sumiço... presença
Lembrança... Luz!!!
Ilumina os sorrisos
As mentes
Entendes?!
Não!!!
Nem eu... apenas sentes
Como eu e o resto do mundo (normal).

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1994.

domingo, novembro 05, 2006

COMPLEXO DE ORFEU

Todos temos a ilusão
De reconstruir
O que não mais é
E no afã do ato
O mundo se parte
Com a incerteza
E o que ficou
Vira sombra
E o que se arrasta
A frente desarmônico
São pedaços de ilusões.
Não olhe para trás!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1995.
SATISFAÇÃO

De ti quero-te
e nada mais.
Teus carinhos, afagos, gozos
são impulsivos e se vão
quando deveriam vir.
És onda de liberdade.
O mais há de vir
em sonhos, entre lençóis, com gana.
O que é nosso o tempo traz?

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1995
ALERTA

Vida em fragmentos
Palavras truncadas -
Imobilizam a vida!!!
Escorre por entre o ser
O viço, o frescor, o ardor.
A paixão num canto
Do quarto -
Espírito desarmado.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1994.
EXTREMO

Acordei sonhando
Em te
Ter, correr
Pular... amar.
Acordei e estavas
Aqui, tão perfeitamente
absorvente
envolvente
Em atos plurais.
Nesta solidão
Neste silêncio vespertino
Teus sonhos gigantes,
Cavaleiros andantes,
Ouvi beijos
Provei pensamentos
Vi toques
Cheirei sabor
Amassei suspiros.
Desejo de ter-te
In-teiro.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1994.
LEITURA

A musa:
sonho
A terra:
planos
Eu...
enganos.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, primeiro de setembro de 1994.
PARADIGMA
Amar...
tão fácilde conjugar,
Tão difícilde viver...

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 1994.
ALVOROÇO

Sentir teu hálito
Beijar tua boca linda
Tudo
Em mais noites
Em mais dias -
Sinfonia de amor.
Estar em ti

E acordar sedenta -
Propícia para amar.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1994.
PARA SER LEMBRADO

Perdi as contas
São tantos beijos
dados, roubados, suados,
Boca, pele
frescas, cheirosas, molhadas...
Estremecer
de fatias de prazer
Trocadas entre nós!

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1994.
VADIAGEM

Eu rio...
Tu montanhas
Nós ninho
Sorrindo, indo
E ventando,
Nos almando.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1994.
CRIAÇÃO

Na ignorância
o plágio
Na maturidade
a releitura.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1994.
IMAGEM

Te
Ter
Rever
Reter
Ter
Nu

Raaa
Nua
Tua
Sua o corpo
Mente?
Somente
De
Amor
Brotar (Paixão?)
Tesão
Dar - Receber
Te
Ter...

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1994.
REALEZA

A cortina não balança -
tem o peso dos séculos
As pancadas no chão
Os ouvidos atentos
...Um mundo
Enquanto o mundo
Lá fora tem fome e sede
De fantasia.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1994.
EXATIDÃO

Qualquer minuto
Antes
Da hora
É cedo.

Angélica Castilho
Rio de Janeiro, 24 de julho de 1994.
PRÁTICA

Agora o momento
É viver
Cada gesto
Cada palavra
Cada olhar.
É ser cúmplice
Do amor.
É viver a linhas
Dos poemas de amor.

Angélica Castilho

Rio de Janeiro, 12 de julho de 1994.
L’AMOR EST BEAU!

Exaurida de trabalhar
em versos e reversos
Vejo teu corpo
que é tão teu
e
que me parece tão minha carne,
minha terra,
minha ilha – delirantemente sonífera -
Então, logo a algazarra,
que a lembrança
traz
faz...
não deixa os sentidos voltarem à labuta
e fico te vendo dormir placidamente
entre uma batalha e outra.

Angélica Castilho

1997